Divã do Monstro
Tempo demais a só
teorizo:
Tentar ser profundo
num mundo de águas rasas
é a maneira que me iludo
Quem dera ser terreno
até alado
Não rastejar pelos abismos
cantos sombrios das questões
ermos mal iluminados
Vez ou outra
excepcionais ocasiões
lança-se o monstro à superfície
Helenas
Marias
Alices...
Com mulheres, monumentos
se depara
O Querubim
notando o alvo exótico
dispara.
Abate-se sobre Leviatã
avessa e excessiva ternura
que encarcera-o
impedindo seu retorno
ao repouso nas fissuras
Agonizante
a ternura acumulada
satura-se
metamorfoseando-se em ira
"Que sentido há
em decompor o Ego
lhes expôr o pouco que me resta
Se como lança é cravada a dúvida:
À todos amam
ou apenas me detestam? "
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